FlashForward, o novo Lost

Na temporada seguinte a estreia de Lost na TV norte-americana, todas as emissoras concorrentes da ABC, e até mesmo a própria ABC, buscavam desesperadamente um novo show se não para roubar, para pelo menos reter a audiência que o então fenômeno Lost alcançara.

O que se viu depois disto, foi um ano repleto de séries produzidas nas coxas de produtores despreparados que não sabiam muito bem para onde levar suas séries. Como consequências, diversos cancelamentos prematuros ocorreram, e nenhuma emissora conseguiu realmente emplacar um novo hit que seguisse as fórmulas de sucesso da série criada por JJ Abrams.

Agora, quase seis anos depois, com Lost entrando em sua última temporada, esta busca começa novamente. A diferença aqui, é que há mais de um ano já sabemos que tem tudo para ser a sucessora: FlashForward, também da ABC. Nos últimos meses, criou-se um burburinho absurdo em torno desta nova produção. É, antecipadamente, a série mais esperada do ano.

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FlashForward tem uma premissa interessantíssima: o que aconteceria se todas as pessoas do mundo desmaiassem por dois minutos e 17 segundos? Certamente você não consegue imaginar, mas garanto: coisa boa não é. Mas e se fosse mais que um desmaio? E se o mundo inteiro apagasse durante estes dois minutos ao mesmo tempo? E se todos tivessem visões de seu futuro no dia 29 de abril de 2010, data seis meses a frete do presente? É exatamente este o plot inicial da série.

E envolto a este caos, está Mark Benford, razoavelmente bem interpretado por Joseph Fiennes. Benford é um agente do FBI, ex-alcoólatra, casado com Olivia (Sonya Walger, a Penny de Lost). No flash forward do personagem de Fiennes, é noite. Ele está no dia 29 de abril de 2010, dentro do FBI, bebendo novamente e investigando justamente o que causou esta incidente global, enquanto homens armados e de máscaras invadem o prédio para matar Benford – aparentemente, ele sabia demais.

A verdade é que até aqui, apesar do meu ceticismo inicial perante a bolha de hype envolta da série, o piloto de FF é o melhor da fall season norte-americana até o momento. Enquanto peca em alguns pequenos detalhes, desenvolve muito bem seus personagens, deixando claro que este será um dos focos da série: os personagens, já que sabemos o que acontecerá na vida deles em seis meses, e assim, poderemos acompanhar como suas visões do futuro irão se tornar realidade.

Quanto ao lado negativo, a série peca um pouco na produção. O mundo inteiro praticamente se destriu, pois as pessoas dormiram por dois minutos (imagine que quem estava subindo uma escada, por exemplo, possa ter caido, batido a cabeça e morrido), sabe-se que foi sim um acontecimento global, que o mundo inteiro foi atingindo, e assim assim, muito pouco disso é mostrado. Tirando aquelas cenas cliches de filmes-catástrofe em que o protagonista pára chocado em frente a uma vitrine de uma loja de eletrônicos e assiste ao noticiário na Fox News.

E é inegável uma certa áurea de Lost aqui. Desde o primeiro segundo do piloto isso fica claro, já que o episódio abre com o protagonista acordando de um acidente e logo começa a ajudar pessoas ao redor. Porém, FlashForward se desenvolve muito bem durante seus 45 minutos iniciais e joga para longe as suspeitas de mais uma série fracassada buscando a futura audiência orfã de Lost. E quando não poderíamos ficar mais boquiabertos, eis que o piloto termina com um gancho final tão espetacular que te impossibilita de sequer pensar em não assistir ao próximo episódio.

‘No More Good Days’, título do piloto de Flash Forward, estreia na ABC no dia 24 de setembro.

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Editor


Pedro Beck é jornalista e crítico de TV.


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pedrobeck@gmail.com

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