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Vampire Diaries

Vampire Diaries é uma tentativa desesperada da CW, emissora que dedica 101% de seus shows aos adolescentes, de se aproveitar do sucesso que filmes e séries de vampiro tem alcançado. E a série é justamente uma mistura das duas maiores referências do gênero atualmente: Twilight e True Blood.

Criada por Kevin Williamson, ele mesmo, criador de Dawson’s Creek, e Julie Plec, a série conta a história de dois irmãos, Stefan e Damon, envolvidos com a mesma menina, Elena (Nina Dobrev). Oi? True Blood? Twilight?. Enquanto Stefan, interpretado por Paul Wesley, que há 10 anos tem 17 anos em todas as séries que faz, é um vampiro do bem, seu irmão Damon, interpretado por Ian Somerhalder, o Boone de Lost, é oposto: louco por sangue fresco de adolescentes virginais.

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O grande problema da série é ter escolhido se levar a sério e ainda assim, ser hilária. Cada cena, cada take, cada expressão, cada diálogo, é um emaranhado dos últimos 30 anos do gênero – na TV e, principalmente, no cinema. Porém, este emaranhado é negativo, pois Vampire Diaries decide por utilizar apenas o que há de pior na mitologia dos vampiros e nas principais referências das últimas décadas. Veja bem, estamos falando de névoa em todo lugar que a protagonista vai, uma melhor amiga vidente, um vampiro protagonista do bem que é tão estiloso que arranca a última gota de puberdade de todas as meninas que o olham, uma protagonista irritante que passa todo o piloto narrando seus sentimentos e os escrevendo em um diário.

Quanto a mitologia, é mais que surreal, é arbitrária. Williamson decide por seguir firme com histórias tipo “você tem que me convidar para entrar”, mas permite que seus vampiros circulem pela luz do sol com o infeliz pretexto de que o protagonista usa um anel de alguma forma especial, que o permite peregrinar por aí a qualquer hora. Não é uma forçação de barra, é um insulto a inteligência de quem assiste.

Mas tudo bem, pois o target da emissora é justamente meninas adolescentes (mais especificamente, o target 18-34), e pensando assim, Vampire Diaries pode muito dar certo: enquanto séries como Melrose Place e 90210 possuem mulheres anoréxicas supostamente maravilhosas e jovens modelos que sem o mínimo de expressão, aqui, a coisa funciona um pouco melhor e se não levada a sério, a série pode sim ser divertida, o chamado guilty pleasure (aquela série em que assistimos morrendo de culpa e não contamos pra ninguém).

E a CW ganha mais pontos pelo piloto ter ido bem na audiência: enquanto o piloto de Melrose Place teve um desempenho pífio, Diaries atraiu impressionantes 4,91 milhões de telespectadores, se tornando o piloto mais assistido da história da CW, marca excelente para toda e qualquer pretensão da pequena emissora. Já no target 18-34, os vampiros alcançaram uma média ótima de 3.1 pontos segundo a Nielsen, sistema de medição de audiência dos EUA.

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Em suma, o piloto abre alguns leques para se desenvolver. Histórias boas podem sim surgir dos primeiros plots. Mas é preciso deixar claro que estas histórias não têm a menor intenção de chocar, causar burburinho ou inovar: Vampire Diaries é um remendo de cliches que dá certo atingindo seu público alvo, e com a experiência de Williamson por trás, tem tudo para se tornar o novo hit adolescente e carro chefe da CW, com Supernatural entrando em sua provável derradeira temporada, e One Tree Hill caindo na audiência após perder seu casal protagonista.


Editor


Pedro Beck é jornalista e crítico de TV.


Contato:
pedrobeck@gmail.com

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